Peça do
grupo Teatro Terreiro Encantado reflete sobre o genocídio da juventude negra
Data:
12/10/2018
Categoria:
Patrimônio Cultural
Em debate direto com a atualidade, Auto do Negrinho coloca
em cena máscaras e bonecos
produzidos pela companhia para contar história
inspirada em lenda que tem
como personagem central uma criança escravizada no
sul do país
Por Larissa
Corrêa para o Portal Geledés
Foto: Will Cavagnolli
De 12 a 14 de outubro
(sexta-feira a domingo) o Itaú Cultural recebe o grupo Teatro Terreiro
Encantado, para três apresentações do espetáculo Auto do Negrinho.
Dirigido por Cleydson Catarina, a peça inspira-se na lenda do Negrinho do
Pastoreio para fazer um diálogo com o tema do genocídio da juventude negra nos
tempos atuais.
Espetáculo produzido no ano
passado, Auto do Negrinho parte do folclore nascido no Sul do
país, no qual um menino negro escravizado é duramente castigado pelo senhor
quando este sente falta de um dos cavalos que o jovem tinha que cuidar. E, ao
pensar que o escravo já estava morto, o dono o deixa agonizando, mas ele
ressurge, sem ferimentos, montado no cavalo que tinha sumido.
Para levar ao palco a estória de
forma atual, o grupo Teatro Terreiro Encantado realiza o espetáculo todo com
máscaras e bonecos feitos pela companhia, estimulando no público a reflexão a
respeito do genocídio da juventude negra nos tempos de hoje. Para tanto, o
diretor Cleydson Catarina também mostra a sua verve como ator, dividindo a cena
com os artistas Uberê e Sandro Lima, que faz ainda as vezes de músico,
juntamente com Rafael Fazzion.
Auto do Negrinho reforça
a proposta do Terreiro Encantado de uso da oralidade das manifestações
populares para fazer teatro que de maneira lúdica. Assim, convidam, ainda, o
público a participar interativamente do espetáculo.
Sobre diretor e elenco
Cleydson Catarina começou
a fazer teatro de rua encenando Autos no interior do Ceará. Estudou direção no
Instituto Dragão do Mar, atuou no teatro popular do Movimento Escambo,
trabalhando autos e teatro de rua no sertão do Rio Grande do Norte e Ceará. Em
Recife, integrou Coco dos Pretos, Boi de Carnaval, Cafuringa (Teatro de Rua) e
Maracatu Cambinda de Estrela, sempre dando consultoria cênica e interpretação
musical, na construção de bonecos e confecção de figurinos – mesmas funções que
exerceu depois em São Paulo com o grupo Os Inventivos, Buraco do Oráculo,
Coletivo Negro e Grupo Clariô de Teatro. Em 2016, estreou A Casa das
Mulheres da Lua, e em 2017, Auto do Negrinho.
Uberê é
artista plástico, poeta, educador, ator e brincante. Compõe movimentos culturais
da periferia da zona sul desde 2014, recitando poesias autorais e expondo artes
visuais nos saraus da região. Participou até 2016 da organização do coletivo e
da casa do Espaço Comunidade. Brinca samba de coco, compondo, cantando e
dançando nas sambadas mensais do Grupo Candearte, e integra o Jongo do Embu das
Artes e o Candongueiros do Campo Limpo. Pesquisa a ancestralidade e a
identidade afroindigena, através da experiência como jovem periférico, artista
influenciado pela cultura urbana, referências que leva ao Teatro Terreiro
Encantado, pra fazer um teatro popular, de forma lúdica, ocupado com a
militância política e social.
Rafael Fazzion começou
a tocar aos oito anos no Teatro Popular Solano Trindade, onde estudou por mais
de 10 anos ritmos como Samba de Roda, Maracatu, Côco de Roda, Jongo e Congada.
Acompanhou artistas como Oswaldinho da Cuíca, Tobias da Vai Vai e Bocato. É
autodidata em ritmos como Derbak e música Árabe, atuou como percussionista em
aulas de dança afro e de danças populares, além de já ter acompanhado mestres
de dança africana como Youssoff Kombassa e Moustapha Bangoura. Pesquisa a
música do Oeste da África há mais de 10 anos, período no qual compôs o Ballet
Afro Koteba. Fundou com Flavia Mazal a CIA Trupe Benkady, Cia Fankama Obi e o
Teatro Terreiro Encantado na linguagem do popular.
Sandro Lima é
formado em guitarra pelo CEM Tom Jobim. Estudou violão clássico e popular,
canto coral, percussão e teatro. Como guitarrista, integrou as bandas Preto
Soul e Al Anda Luz, e como violonista, acompanha o grupo Clarianas. É
compositor e músico da trilha do espetáculo Dikanga Kalunga”, solo
de dança negra contemporânea da bailarina Kanzelumuka, Cia. Nave Gris. Em 2016,
lançou Paratudo, primeiro EP do trio OuroeChá, que acompanha o Mc
Fino du Rap. Estudou máscaras cômicas e atualmente é músico e brincante de
máscaras e bonecos no espetáculo O Auto Negrinho, do grupo de
teatro Terreiro Encantado.
FICHA
TÉCNICA
Direção:
Cleydson Catarina
Atores e
músicos: Cleydson Catarina, Uberê, Sandro Lima e Rafael Fazzion
Contrarregra:
Fabio Santos
Técnico
operador de luz: Rager Luan
Produção:
Paula da Paz
SERVIÇO
AUTO DO
NEGRINHO
Dia 12 de
outubro (sexta-feira, feriado), às 19h
Dia 13 de
outubro (sábado), às 20h
Dias 14
de outubro (domingo), às 19h
Diretor e
ator: Cleydson Catarina. Elenco: Uberê, Sandro Lima e Rafael Fazzion.
Duração:
80 minutos
Classificação
indicativa: Livre
Sala
Multiúso (Piso 2)
Capacidade:
70 pessoas
Entrada
gratuita
Distribuição
de ingressos:
Público
preferencial: 1 hora antes do espetáculo (com direito a um acompanhante,
que deve retirar o ingresso ao mesmo tempo)
Público
não preferencial: 1 hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)
Estacionamento:
Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108
Se o
visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:
3 horas:
R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.
Itaú
Cultural
Avenida
Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones:
11. 2168-1777
Acesso
para pessoas com deficiência
Ar
condicionado
Estacionamento:
Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108
Se o
visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:
3 horas:
R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.
Com
manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
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