São 4:18 da madrugada. Estou refletindo sobre um filme que acabei de ver, chorando o tempo todo. Um filme que jamais seria ou será feito no meu pais. Não porque as circunstancias sejam diferentes, mas porque a pratica e sustentação do racismo sejam tão especializadas e as razoes de estética e de resultado financeiro sejam parcialmente usadas para não faze-lo: não é possível um professor branco fazer nada por crianças negras, ele, este professor aqui no Brasil, não acredita e não pode acreditar, pela sua natural formação e pela formação que recebe na sua escola segregada, que crianças negras não tem futuro se não tiver dois dons naturais: pagode ou ginga para futebol. É, infelizmente é duro e até antipático falar assim, mas é verdade. E se  a criança for mulher, pior ainda. Não será nada, não terá jeito mesmo. Não existem mulheres negras neste pais. Uma pena, uma dor. O filme é lindo, tocante, emocionante mesmo. Demonstra o grau de evolução da sociedade americana que convive há décadas com sistema de cotas, com leis claras que regulam a participação das minorias nas atividades de sua sociedade. Os brancos não vão permitir este acesso aqui, precisamos de leis e cotas, de determinação e intervenções legais para a igualdade, para maiores chances de auto estima e convivência. Os brancos daqui não querem os não brancos participando de nada. É o que nossa mídia nos avisa, quando definitivamente não da chance aos modelos negros e não brancos, quando não permitem e nos avisam que não se interessam que consumamos seus produtos. É uma pena que sejam assim, pode estar vindo uma guerra. Estão plantando cada dia, com mais competência as sementes da violência e segregação. Não podemos deixar nossos filhos morrer de fome: de cultura, de esperança, de participação, de auto-estima, de arte, de moda, de escola, de chances iguais para diferentes. Viva Os Cavaleiros do Bronx!