Um prêmio para a RAÇA BRASIL
Por Denise Pires
Na primeira edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, a revista RAÇA BRASIL foi a grande vencedora na categoria Especial de Gênero Jornalista Antonieta de Barros, com a matéria Mulheres Negras, Igualdade e Oportunidades, produzida pela jornalista Célia Regina, com fotos de Rafael Cusato e arte de Edson Ikê. “O Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento tem um significado muito especial pelo seu valor simbólico. Primeiro, a homenagem a duas personalidades negras – Abdias e Antonieta de Barros – que lutaram no combate ao racismo e às desigualdades sociais centenárias no Brasil. Segundo, pela possibilidade de contar outras histórias de vida de mulheres negras que, na contramão, ultrapassam barreiras e produzem conhecimento e saber, uma comprovação de que as mulheres negras podem falar por si mesmas. E que venham outras iniciativas como essa, pois é um ganho para o jornalismo, para a população negra e, sobretudo, para o exercício da cidadania e da democracia”, diz a jornalista Célia Regina, também mestre em Ciências Sociais (UERJ), doutora em Comunicação Social (UMESP), e professora do curso de Comunicação Social do Centro Universitário Barra Mansa (UBM). A matéria premiada está disponível no site da revista (www.racabrasil.com.br) O Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento visa estimular a cobertura jornalística qualificada sobre temas relacionados à população negra, além de destacar o potencial informativo e de mobilização social do jornalismo para o fim da discriminação racial, e incentivar a cobertura sobre medidas de combate as desigualdades socioeconômicas em função da raça no país.

Os mais belos da cidade
Por Denise Pires
FOTO MANU DIAS/SECOM | FOTO: WALTER VENEU/DIVULGAÇ
Ana Carolina, terceira colocada no Concurso Beleza Negra; Júlia Maria, a grande vencedora; e Cindy Reis, que conquistou o segundo lugar no concurso feminino
Erick Henrique, terceiro colocado; Luiz Felipe, o mais belo negro de Barra do Piraí, e Willian Santos, terceiro colocado entre os homens no Concurso Beleza Negra
O “Dia da Consciência Negra” em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, foi celebrado com muita festa, manifestações culturais, palestras, debates, dança, capoeira, além do tradicional Concurso Beleza Negra que, em sua quarta edição, elegeu os modelos Júlia Maria e Luiz Felipe, como os mais belos negros da cidade. “Apesar de esta importante data constar no calendário do município, não houve, em momento algum, manifestação e apoio da Secretaria de Cultura de Barra do Piraí junto à comissão organizadora. Entretanto, não medimos esforços para a realização do evento, pois esta data é muito mais importante que qualquer dificuldade ou desinteresse cultural”, desabafou Reginaldo Costa, um dos organizadores.


UNEGRO
Novembro foi marcado por manifestações políticas e culturais em todo o país, reforçadas pela alusão ao Ano Internacional dos Afrodescendentes. Uma das maiores aconteceu em Brasília, no IV Congresso Nacional da UNEGRO. Cerca de 700 pessoas se reuniram para tratar de vários assuntos relacionados à questão racial no Brasil e no mundo.


Desde o seu nascimento, em 1988, durante as fortes mobilizações que nos levaram à conquista da criminalização do racismo, na Constituição Federal, a UNEGRO se expande pelo Brasil. A reunião em Brasília foi movida, principalmente, pelo desejo de pensar sobre os rumos do movimento negro e o desafio de transformar o poder e incorporar nas estruturas decisórias, homens e mulheres que vivenciam a problemática do racismo.


Negros
  Consciência negra
Em clima de protesto - e muitas marchas contra intolerância religiosa - o 20 de novembro em Salvador serviu como encerramento do Ano Internacional dos Afrodescendentes, instituído em 2011 pela Organização das Nações Unidas (ONU)

POR MAURICIO PESTANA
FOTO ADENILSON NUNES/SECOM
Chefes de estados e representante de 14 países estiveram na capital baiana para o Encontro Iberoamericano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI), com o propósito de discutir os rumos das políticas de inclusão e refletir quais os avanços que a humanidade colheu 10 anos após a Conferência Internacional de Durban, na África do Sul, onde o Brasil teve papel de destaque, inclusive trazendo para si a relatoria do encontro.

Embora tenha ocorrido alguns avanços, principalmente na área do acesso à educação, em que o número de negros nas universidades mais que quadriplicou, além de mais de 100 universidades em todo o Brasil com programas de ações afirmativas, o que se viu em Salvador foi muito protesto, tanto de artistas negros, por não se verem contemplados no evento, como de lideranças de religiões de matrizes africanas, que bradaram contra a intolerância religiosa e reivindicaram uma maior inserção do tema nas discussões centrais do encontro. Descontente também estava grande parte do movimento negro com os boatos da junção da Secretaria da Promoção da Igualdade Racial (Seppir) com a Secretaria de Direitos Humanos e Secretaria da Mulher, algo que estaria sendo planejado para ser implementado na reforma ministerial de 2012.

"A NEGRITUDE NÃO QUER ESMOLAS, MAS OPORTUNIDADES E DIREITOS IGUAIS."

HERANÇA DA ESCRAVIDÃO
O ponto alto do Afro XXI ficou com os diversos palestrantes do Brasil e do exterior – como Sueli Carneiro, do Geledes – que em seus discursos discorreram sobre a atual situação do negro na África e na diáspora. A conferência terminou com a presidente da República, Dilma Rousseff ressaltando a “invisibilidade da pobreza e a miséria” como a herança mais marcante da escravidão. Segundo ela, atrelada a essa herança, veio a visão das “elites”, de que o Brasil poderia crescer “sem distribuir renda e incluir”, e ainda lembrou de programas sociais do ex-presidente Lula e seu lema: “País rico é país sem pobreza”. “Os afrodescendentes são os que mais sofrem com o desemprego, a violência e a extrema pobreza. Reverter esse quadro é o objetivo da Carta de Salvador”, afirmou Dilma, defendendo as políticas públicas de promoção da igualdade racial.

FOTO MANU DIAS/SECOM
Luiza Bairros, ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Presidente Dilma Rousseff e demais chefes de Estado

Livros negros páginas brancas
Fotos Fábio Guinalz

Éle Someg, Maria Aparecida de Laia e Roseli de Oliveira

Prof. Eduardo de Oliveira e Oswaldo Camargo
Marco Antonio Zito Alvarenga e Nuno Coelho
Existe literatura negra? Como o escritor negro está inserido no mercado editorial? E a lei 10.639, tem servido para atender os conglomerados editoriais, os afrodescendentes ou a reinserção da verdadeira história da África e de seus descendentes nos livros escolares? Para responder essas e outras perguntas, a Coordenadoria dos Assuntos da População Negra do Município de São Paulo, que tem como coordenadora Maria Aparecida de Laia, organizou o evento Livros Negros, Páginas Brancas, com o apoio da Academia Paulista de Letras. O debate, ocorrido na sede da APL, trouxe para o centro das discussões alguns nomes da resistência por uma literatura que prisma pelo autor e temas negros, como o escritor Osvaldo de Camargo – que completou 50 anos de vida literária –, o jornalista Osvaldo Faustino, autor do romance A Legião Negra, o poeta carioca Ele Semog e o cartunista e diretor-executivo da RAÇA BRASIL, Mauricio Pestana, que lançou recentemente a série Mãe África, livros que contam as lendas dos deuses africanos para crianças.

Oswaldo Faustino
Eufrásio Felix Ferreira do Nascimento
Marcia Araujo


Literatura
Cruz e Souza 150 anos
 
O maior poeta catarinense de todos os tempos e um dos símbolos da luta pela abolição da escravatura na terra natal, a cidade de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), completaria em 2011, em 24 de novembro, 150 anos de nascimento, data que o Instituto Énrea (voltado para questões de gênero, raça, etnia e livre orientação sexual e religiosa) e a Academia Catarinense de Letras comemoram em grande estilo
por UELINTON ALVES
Além de simpósios e do 1º Encontro Afro-literário de Florianópolis – de 16 a 24 de novembro – no Palácio Museu Cruz e Sousa (antiga sede do governo do Estado de Santa Catarina) o poeta negro, pai da Escola Simbolista Brasileira, será lembrado com a edição de um selo postal, filmes, peças de teatro, contação de histórias, lançamento e exposição de livros antigos e raros, produzidos por escritores negros do século 19, e com originais do jornal O Moleque, principal órgão de atuação abolicionista e literária de Cruz e Sousa na antiga província. A organização do 1° Encontro Afro-literário: 150 anos de Cruz e Sousa, confirmou a presença no evento do escritor carioca Nei Lopes e do diretor-executivo da RAÇA BRASIL, Maurício Pestana. A ideia do encontro é proporcionar uma maior comunicação e troca de experiências entre estudiosos da temática afro-brasileira e negra. Segundo o presidente do Énrea, Fábio Garcia, o evento divulgará também a produção literária de intelectuais, poetas e músicos negros do final do século 19 e início do 20.
SOBRE O POETA
Nascido de pai escravo e mãe liberta, no solar do marechal de campo Guilherme Xavier de Sousa, o poeta Cruz e Souza foi aluno brilhante do Ateneu Provincial e escreveu para os jornais desterrenses, destacando-se como jornalista. Após a abolição, em 1888, passou a viver no Rio de Janeiro, casando-se com Gavita.
Pobre e cheio de filhos, morreu tuberculoso em março de 1898, na estação de Sítio, Minas Gerais. Sua obra literária, especialmente os livros Missal, de prosa, e Broqueis, de versos – ambos publicados em 1893 – consagraram o seu nome como inaugurador do Simbolismo brasileiro.
Negros em movimento

FOTOS DIVULGAÇÃO
Copa 2014 e Olimpíadas 2016
No seminário Promoção da Igualdade Racial no Contexto dos Grandes Eventos Esportivos, realizado em Salvador, foi assinado um protocolo de intenções entre o Governo Federal e o Governo do Estado da Bahia com intuito de garantir a implementação de ações conjuntas que assegurem iniciativas e estratégias de inclusão dos afrodescendentes na Copa 2014 e as Olimpíadas 2016. “Essa iniciativa é um marco institucional para que as demais ações das diversas secretárias que estão fazendo um trabalho específico, focado na Copa, tenham, no seu planejamento e na sua execução, medidas que possam convergir para promoção da igualdade racial, independentemente das propostas sugeridas pela Sepromi”, afirma Elias Sampaio, secretário de Promoção da Igualdade Racial.
A ex-prefeita de Atlanta (EUA), Shirley Franklin (foto) participou do Seminário e proferiu a palestra Promovendo o Empreendedorismo e a Inclusão Racial: O caso das Olimpíadas de Atlanta. “O que nós fizemos foi a instituição de um trabalho duro e com disciplina, diante dos compromissos que foram planejados para serem executados durante as Olimpíadas. O Brasil é o primeiro país para quem estamos contando a nossa história depois de 15 anos e compartilhando como foi organizada as ações.” Shirley Franklin exerceu o mandato de vice-presidente sênior para Relações Externas do Comitê Olímpico de Atlanta (1996) e foi a primeira mulher afrodescendente a ser prefeita de uma cidade nos EUA, em 2001, reeleita em 2005.

Novembro negro
As comemorações do 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra surgiu na segunda metade dos anos 70, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. O dia homenageia Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada, no dia 20 de novembro de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares, em Alagoas. Desde 1995, Zumbi faz parte do panteão de Heróis da Pátria.
Desde a sua criação, a Secretaria de Promoção da Igualdade (SEPROMI), celebra e destaca a importância do mês de novembro por meio da marca NOVEMBRO NEGRO, campanha de grande mobilização do Governo do Estado da Bahia, que tem como objetivo a reflexão sobre as políticas públicas implementadas acerca da promoção da igualdade racial e a proposta de continuidade deste projeto, na perspectiva de consolidar e aprofundar o enfrentamento das desigualdades raciais na Bahia. A programação do NOVEMBRO NEGRO conta com uma série de ações que acontecem, principalmente, na capital baiana e no interior do Estado da Bahia.
Confira alguns eventos: Dia 4/11 – Abertura do Novembro Negro: Ato de assinatura dos Convênios (Edital Novembro negro 2011);
Dias 10 e 11 – Seminário Sepromi/Nafro: Combate à violência Racial e à Intolerância Religiosa;
Dia 13 – Cerimônia de Deposição das cinzas de Abdias do Nascimento na Serra da Barriga, em Alagoas;
Dias 16 a 20 – Participação no Encontro Internacional do Ano dos Afrodescendentes;
Dia 20 – Participação na caminhada da Liberdade e demais caminhadas;
Dia 21 – Ato de assinatura do Termo de Compromisso (Programa de Combate ao Racismo Institucional);
Dia 25 – Ato de entrega do Projeto Executivo do Centro Cultural da Irmandade da Boa Morte ao Governador em parceria com o IPAC;
Dia 30 – Atividade de encerramento do Novembro Negro 2011

Fonte: http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/161/artigo242531-2.asp