Obs: isto é para os racistas verem o valor do trabalho dos negros  na ordem econômica mundial. Sem o trabalho africano não haveria capitalismo, nova ordem, pensamento liberal, neoliberal, Consenso de Washington, Brasil, euro, União  Europeia e China potencia. É o nosso valor, traduzido em moeda. A dor, a humilhação, o sofrimento, o não se possuir, a objetivação das pessoas, a invisibilidade, a discriminação e o pior,  os que se aproveitam dela. Até os pastores, os padres, todos são brancos, de cabelos e olhos claros. Os cantores e cantoras religiosas, todos brancos.  Até a representação de Deus é branca.
 Estes textos não são de minha autoria. Foram transcritos de blogs e sites, cujos créditos estão citados. Concordo com todos plenamente e o debate está aberto. É informativo para todos. Leiam sem preconceito. O que fica é que precisamos fazer algo urgentemente para melhorar a posição as pessoas de cor, que são mais da metade da população deste país e esta invisível. Não aparecem na TV, nos discos, nas igrejas, escolas. É uma bomba com potencial terrível. Abram as portas antes que seja tarde.

Rodrigo Couto Publicação: 09/07/2009 08:00. Atualização: 09/07/2009 08:15

A cifra é impressionante mesmo. E deve protagonizar uma nova polêmica com amplas discussões por todo o país. A criação da Comissão de Indenização aos Descendentes de Negros Africanos Escravizados no Brasil foi tema de uma audiência pública realizada ontem pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado com uma proposta que prevê o pagamento, em parcela única, de, no mínimo, R$ 200 mil aos que comprovarem o vínculo com os escravos. Caso fosse aprovada hoje e considerando que o território nacional abriga pelo menos 80 milhões de afrodescendentes, a medida custaria aos cofres públicos a impressionante cifra de R$ 16 quadrilhões, ou aproximadamente US$ 8 quadrilhões.
 Cristovam Buarque (D) durante a reunião da comissão: "A ideia de reparação financeira é extremamente polêmica “Esse valor seria algo em torno de 600 PIBs americanos (Produto Interno Bruto)”, prevê Mário Lisboa, diretor de Cooperação e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Apesar de favoráveis à reparação do Estado ao grupo social, especialistas ouvidos pelo Correio foram cautelosos quanto ao pagamento pecuniário.
Embora admita resistência ao tema, sobretudo no Congresso Nacional, Humberto Adami, presidente do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara), lembra que os judeus vítimas do holocausto e os japoneses encarcerados receberam indenizações. “Por que para outras pessoas podem pagar e não para os negros”?”“, questionou. Defensor de políticas públicas sociais para os afrodescendentes, Mário Lisboa pondera que a proposta é positiva, pois coloca a escravidão em debate. Mas admite que, do ponto de vista de capacidade de o Estado pagar esses valores, é inviável. “É um projeto ambicioso, tendo em vista que a população negra representa mais da metade dos brasileiros.” 
 
 As indenizações pagariam os negros pelos cerca de 300 anos de escravidão. “Sem qualquer medo de errar, o tema é um dos mais importantes. A ideia de reparação financeira é extremamente polêmica”, afirma o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Contrário ao pagamento das indenizações, o parlamentar defende incentivos educacionais aos estudantes afrodescendentes, financiamento a projetos culturais relacionados à cultura negra, além do reconhecimento público de que a abolição não está completa. Jornalista e publicitário, João Roberto de Carvalho foi além e apresentou petição, em junho de 2001, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos relativa à violação da Convenção sobre Direitos Humanos pelo Estado Brasileiro. “Caso vençamos na OEA, o dinheiro da reparação deverá ser depositado num fundo para ser aplicado em educação afirmativa, e será gerido por um conselho de notáveis da comunidade negra brasileira”, explica.» Ouça as entrevistas com o senador Cristovam Buarque e com o reitor José Vicente, da Uni palmares » Ponto crítico
 “A proposta da indenização financeira para os descendentes de escravos é atual, oportuna, justa e permitiria fazer uma correção no tratamento injusto que foi disponibilizado para os negros durante toda a sua trajetória no país. Temos uma série de outros paradigmas com a mesma fundamentação, como por exemplo, a reparação dos anistiados políticos aqui no Brasil, a reparação dos judeus no âmbito internacional, a reparação, inclusive, aos senhores de escravos, quando foi feita a abolição, e a reparação que se fez também aos imigrantes que vieram ao nosso país. A matéria já tem antecedente jurídico no Brasil e, do ponto de vista econômico, se enquadra nas possibilidades, em virtude da adequação econômica brasileira. É uma medida que, independentemente de todos os outros fundamentos da presença do Estado na produção de políticas públicas de toda natureza, se apresenta como uma ação específica, objetiva e justa no sentido de reparar todos os danos sofridos pelos negros escravos aos seus descendentes.”.

NÃO
Carlos Bacellar, professor do Departamento de História da USP
 
 “Qualquer tentativa para se estabelecer uma política visando indenizar afrodescendentes gerará, inevitavelmente, imensas polêmicas. Mais uma vez, tal como no sistema de cotas para a universidade, entra-se no perigoso jogo da definição do que é ser descendente de um cativo africano. No caso de indenizações, a perspectiva de receber algum valor reforçará a necessidade de buscar um critério sólido, que não pode se restringir à cor da pele. Certamente quem teve um avô liberto em 1888 terá grandes possibilidades de provar sua ascendência, mas os descendentes de um cativo mais recuado no tempo — digamos o século 18 — teriam imensas dificuldades para comprovar seus direitos genealógicos, após dois séculos de miscigenação e esquecimento. Por outro lado, como avaliar uma indenização dessas? Pagamos um valor qualquer, e está resolvida a questão da escravidão? Não tenhamos dúvidas: a desigualdade econômica que viceja neste país continuará intacta.”


ATENÇÃO TODOS. ALGUEM SABIA DISSO? QUEREMOS ESTA INDENIZAÇÃO!
CPublicamos uma postagem do blog Monarquia em Ação, a respeito da indenização que Dona Isabel, a Princesa que aboliu, em 1888, a Escravidão no Brasil, pretendia conferir aos ex-escravos. 

Projeto que não pôde efetivar, pois a república, “proclamada” em 1889, impediu. Dona Isabel planejava indenizar e inserir social e economicamente todos aqueles que libertaram com a Lei Áurea. Se a república tivesse, na época, implantado o projeto, não teríamos hoje a descriminação racial, social e muitas vezes, econômica, da raça negra. Confira abaixo a compilação de Sueli Carneiro, Doutora em Educação pela USP:


 “A televisão, em 30 de abril, divulgou o conteúdo de uma carta da princesa Isabel datada de 11 de agosto de 1889 endereçada ao visconde de Santa Victória. Nela se revelam os seus esforços e de seu pai, o imperador D. Pedro II, para prover condições dignas de sobrevivência e inserção da população ex-escravos na sociedade brasileira. O texto da princesa defende a indenização aos ex-escravos, a constituição de um fundo para a compra e doação de terras que lhes permitissem sobreviver e se inserir socialmente pela exploração agrária e pecuniária sustentada.
Mas há coisas que só podem ocorrer no Brasil. A revelação de um documento histórico cujo conteúdo é de grande importância para milhões de brasileiros descendentes de escravos reduziu-se, na matéria produzida pela TV, a mera reatualizarão dos nossos antigos manuais didáticos que eram prenhes na reiteração do caráter benevolente da princesa por decretar a Abolição. Mais que isso, o documento histórico foi utilizado como oportunidade adicional de crítica velada aos movimentos negros nacionais que ousaram questionar o alcance libertário da lei assinada em 13 de maio. Os questionamentos desses movimentos resultaram em clara sinalização de que a Abolição permanecia projeto inacabado a despeito das intenções da princesa, o que a sua carta revelada apenas referenda.
Longe de servir para iluminar as contradições do presente, o documento histórico é utilizado para conter a própria marcha da história. Ao focar na redenção da imagem da princesa e na sutil condenação dos sujeitos políticos que representam, no presente, a continuidade histórica da luta por libertação tem por sentido deslegitimar as suas reivindicações, as suas falas.A importância do documento para a tevê e para os estudiosos escolhidos para comentá-lo está nos gestos e intenções generosas da princesa e não no projeto que seu conteúdo aponta. A consequência da matéria é sugerir aos espectadores e, em especial, aos movimentos negros, a reposição do reconhecimento histórico da figura benevolente da princesa, agora acrescido por suas propostas indenizatórias aos ex-escravos. Porém, sobre as indenizações que são o conteúdo essencial da carta, a matéria se resume a constatar que elas jamais foram feitas. No entanto, o melhor reconhecimento a se fazer à princesa seria pautar a discussão sobre o seu sonho malogrado de provimento aos ex-escravos de condições para sobreviverem e prosperar dignamente na sociedade brasileira — carência de que padecem ainda hoje os seus descendentes —, dando inclusive absoluta atualidade à carta. Porém, são precisamente editoriais raivosos de jornais contra as políticas para a redução das desigualdades raciais que conspiram contra os ideais defendidos pela princesa e enaltecidos na matéria. Compreende-se, então, o foco dado ao documento. Entre as personalidades convidadas para comentar o documento, houve quem destacasse o fato de que a classe política da época impediu a realização dos desejos emancipatórios da princesa em relação aos ex-escravos. Parece que aquelas forças políticas que impediram o progresso das idéias generosas da princesa continuam inspirando as classes políticas do presente. Estamos diante do mesmo impasse. Os esforços para impedir essa segunda Abolição se materializam, entre outros fatos, na resistência do Congresso em aprovar o Estatuto da Igualdade Racial, que já se encontra desfigurado de sua formulação original. O texto previa a formação de um fundo que daria sustentabilidade a um amplo programa de democratização do acesso dos afrodescendentes às oportunidades sociais, sem o qual o estatuto perde eficácia. No entanto, nem mesmo assim ele pôde ser aprovado.A necessidade de formação de um fundo para sustentar o projeto político da princesa e os esforços empreendidos pelo imperador para viabiliza-lo aparecem assim descritos na carta:“Fui informada por papai que me collocou a par da intenção e do envio dos fundos de seo Banco em forma de doação como indenização aos ex-escravos libertos em 13 de Maio do anno passado, e o sigilo que o Snr. pidio ao prezidente do gabinete para não provocar maior reacção violenta dos escravocratas. Deus nos proteja si os escravocratas e os militares saibam deste nosso negócio pois seria o fim do actual governo e mesmo do Império e da caza de Bragança no Brazil. (…) Com os fundos doados pelo Snr. teremos oportunidade de collocar estes ex-escravos, agora livres, em terras suas proprias trabalhando na agricultura e na pecuária e dellas tirando seos proprios proventos. Fiquei mais sentida ao saber por papai que esta doação significou mais de 2/3 da venda dos seos bens, o que demonstra o amor devotado do Snr. pelo Brazil. Deus proteja o Snr. e todo a sua família para sempre!”Três meses após a data dessa carta, a princesa e o Imperador foram depostos e desconhece-se o destinos dos tais fundos. É o Brasil, desde sempre. ”


Sueli Carneiro Doutora em educação pela USP e diretora do Geledés — Instituto da Mulher Negra Fontes:
Blog Monarquia em Ação e Dra. Sueli Carneiro - Diretora do Geledés - Instituto da Mulher Negra
Abolição à Brasileira. Num país que inventou a prerrogativa jurídica segundo a qual as leis "pegam" ou "não pegam", não é de estranhar que as imposições contra o tráfico de escravos e contra a própria escravidão tenham demorado tanto para "pegar". As pendengas judiciais, aos tortuosos caminhos legais da Câmara e do Senado, aos entraves e recuos provocados por infindáveis discussões partidárias; aos conflitos entre os liberais e conservadores que antecediam a aprovação de qualquer nova lei contra a escravidão, deve-se acrescentar o fato de que, depois de finalmente aprovadas, tais leis se tornavam, no ato e na prática, letra morta. Esse processo sórdido explica por que a luta legal contra a escravidão se prolongou por 80 anos no Brasil.
Foi somente após a humilhação internacional resultante do "Bill Aberdeen" que o Brasil, enfim, se dispôs a proibir o tráfico. A abolição se tornou, então, uma questão interna, realmente "nacional". Sem a pressão exterior, seu processo se prolongaria por quase quatro décadas. A maioria dos conservadores era, a priori, contra a libertação dos escravos. Se ela tivesse de ser feita, os proprietários precisariam ser indenizados pelo Estado e o processo deveria ser “lento, gradual e seguro”. Em maio de 1855, o conselheiro José Antônio Saraiva propôs que a escravidão fosse extinta em 14 anos e que o Estado pagasse 800 mil-réis por escravo entre 20 e 30 anos, 600 mil-­réis pelos de 30 a 40, 400 mil-réis pelos de 40 a 50 e um conto (ou 1 milhão) de réis por escravo com menos de 20 anos.
Entre os liberais, as posições variavam muito. Havia os que pensavam como os conservadores; havia os republicanos radicais; havia os fazendeiros de São Paulo interessados em solucionar logo a questão substituindo os escravos por imigrantes europeus - desde que recebessem incentivos financeiros para o projeto.
De qualquer forma, em 28 de setembro de 1871, numa jogada política sagaz, o gabinete conservador, chefiado pelo visconde do Rio Branco (acima, à esquerda), conseguiu aprovar a chamada Lei do Ventre Livre, segundo a qual seria livre qualquer filho de escrava nascido no Brasil. Além de arrancar a bandeira abolicionista das mãos dos liberais, ainda bloquearia por anos a ação dos abolicionistas mais radicais, garantindo, assim, que a libertação dos escravos fosse um processo "lento, gradual e seguro". Na prática, a lei seria burlada desde o início, com a alteração da data de nascimento de inúmeros escravos. O Fundo de Emancipação, criado pela mesma lei e oriundo da Receita Federal - para pagar pela alforria de certos escravos - também foi logo dilapidado, usado em grandes negociatas. Muitos proprietários arrancavam os filhos recém-nascidos de suas mães e os mandavam para instituições de caridade, onde as crianças eram vendidas por enfermeiras que faziam parte do esquema armado para burlar a Lei Rio Branco. Em alguns manuais escolares, o conservador visconde do Rio Branco ainda surge com a mesma imagem que adquiriu aos olhos dos abolicionistas ultra moderados: a imagem de "Abraham Lincoln brasileiro".
         Golpeada pela Lei do Ventre Livre, a campanha abolicionista só recomeçaria em 1884. Um ano mais tarde, porém, o Parlamento jogou outra cartada em sua luta para retardar a abolição: em 28 de setembro foi aprovada a Lei Saraiva­ Cotejipe, ou Lei dos Sexagenários. Proposta pelo gabinete liberal do conselheiro José Antônio Saraiva e aprovada no Senado, comandado pelo presidente do Conselho de Ministros, o barão de Cotejipe, a lei concedia liberdade aos cativos maiores de 60 anos e estabelecia normas para a libertação gradual de todos os escravos, mediante indenização. Na verdade, a Lei dos Sexagenários voltaria a beneficiar os senhores de escravos, permitindo que se livrassem de velhos "imprestáveis".
No início de 1888, a impopularidade do chefe de polícia do Rio de Janeiro, Coelho Bastos, fez cair o ministério de Cotejipe, que abertamente afrontava a princesa Isabel. Os conservadores permaneceram no poder, com João Alfredo como presidente do ministério. Em abril de 1888, Alfredo chegou a pensar em propor a abolição imediata da escravatura, porém obrigando os libertos a ficar por "dois anos junto a seus senhores, ira trabalhando mediante módica retribuição". No mês seguinte, não foi mais possível retardar o processo abolicionista - agora liderado pela própria princesa Isabel. Depois que a regente assinou a lei, Cotejipe estava entre os que foi cumprimentá-la. Ao beijar-lhe a mão, o barão teria dito: "Vossa Majestade redimiu uma raça, mas acaba de perder o trono". A frase se revelaria profética.
 Leitura recomendada:
  
Brasil: sociedade e cultura após a “abolição” A lei sucinta e direta que a princesa Isabel assinou em 13 de maio de 1888 não concedia indenização alguma aos senhores de escravos. De qualquer forma, ao longo dos 17 anos que se estenderam da Lei do Ventre Livre à abolição efetiva, os escravocratas tinham encontrado muitas fórmulas para ressarcir-se de supostas perdas, entre elas o tráfico interprovincial de escravos, as fraudes ao fundo de emancipação e à Lei do Ventre Livre. Mas se os escravocratas não atingiram um de seus objetivos, o fracasso dos abolicionistas foi maior e mais amargo. Afinal, horas como Nabuco, Patrocínio, Rebouças, Gama, Antônio Bento e Rui Barbosa - apesar de suas divergências ideológicas - acreditavam que a abolição era a medida mais urgente de um programa que só se cumpriria com a reforma agrária, a "democracia rural" (a expressão é de Rebouças) e a entrada dos trabalhadores num sistema de oportunidade plena e concorrência. Para eles, como expôs Alfredo Bosi, "o desafio social e ético que a sociedade brasileira teria de enfrentar era o de redimir um passado de abjeção, fazer justiça aos negros, dar-lhes liberdade em curto prazo e integrá-los numa democracia moderna".
Mas nada disso se concretizou. Os negros libertos - quase 800 mil-- foram jogados na mais temível miséria. O Brasil imperial -- e, logo a seguir, o jovem Brasil republicano - negou-lhes a posse de qualquer pedaço de terra para viver ou cultivar, de escolas, de assistência social, de hospitais. Deu-lhes, só e sobejamente, discriminação e repressão. Grande parte dos libertos, depois de perambular por estradas e baldios, dirigiu-se às grandes cidades: Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Lá, ergueram os chamados bairros africanos, origem das favelas modernas. Trocaram a senzala (acima, à direita) pelos casebres (à esquerda). Apesar da impossibilidade de plantar, acharam ali um meio social menos hostil, mesmo que ainda miserável.
O governo brasileiro não pagou indenização alguma aos senhores de escravos (“Indenização monstruosa, já que uma grande parte deles eram africanos ilegalmente escravizados, pois haviam aportado ao Brasil depois da Lei Feijó, de 7 de novembro de 1831”, co­mo disse, em discurso na Câmara, Joaquim Nabuco). O preço para que tal indenização absurda não fosse paga foi, porem, enorme. Teria sido justamente para evitar qualquer petição que pudesse vir a ser feita pelos escravocratas que Rui Barbosa (ao lado), ministro das Finanças do primeiro governo republicano, assinou o despacho de 14 de dezembro de 1890, determinando que todos os livros e documentos referentes à escravidão existentes no Ministério das Finanças fossem recolhidos e queimados na sala das caldeiras da Alfândega do Rio de Janeiro. Seis dias mais tarde, em 20 de dezembro, a decisão foi aprovada com a seguinte moção: “O Congresso Nacional felicita o Governo Provisório por ter ordenado a eliminação nos arquivos nacionais dos vestígios da escravatura no Brasil”. Em 20 de janeiro de 91, Rui Barbosa deixou de ser ministro das Finanças, mas a destruição dos documentos prosseguiu.
De acordo com o historiador Américo Lacombe, "uma placa de bronze, existente nas oficinas do Loyde brasileiro, contém, de fato, esta inscrição assaz lacônica: “13 de maio de 1891. Aqui foram incendiados os últimos documentos da escravidão no Brasil”. Foi, portanto, com essa espécie de auto-de-fé abolicionista que o Brasil comemorou os três anos da mais tardia emancipação de escravos no hemisfério ocidental. Embora pragmática -- e muito mais verossímil do que a versão oficialesca de que os documentos foram queimados para “apagar qualquer lembrança do triste período escravocrata”-, a medida foi torpe. E ajudou a fazer com que, passados mais de cem anos da libertação dos escravos, o Brasil ainda não tenha acertado as contas com seu negro passado
A INDENIZAÇÃO DO NEGRO, brasileiro.

 André pêssego
                                           “Não ter uma posição política justa é como
                                            não ter alma, não a separo pois do trabalho
                                           que vai se ler”. Gal. Nescon W. Sodré.                                         “CAÇADA DE ONÇA, MATANÇA DE LONTRA... E A BELEZA
         Alterei a sequência, não abordando primeiro um dos itens do espelho. Convido a que raciocinemos sobre a matança de animais; sobre as rinhas de briga de galo, de canário da terra. As brigas de cachorros.
       Tudo aquilo ainda está muito presente entre nós. Uma pele de lontra, de região sem mata de espinho, pele “lisa”, valia a cifra de uma safra inteira de milho, trabalho/ano de uma família de 10 a 12 pessoas; a matança de cobra cascavel, presente valioso; a espera, para matar tantas sucuris - quer nas matas acanhadas, nas águas escassas do sertão nordestino; quer nas matas e rios enormes de Goiás ou da Amazônia. Sim, porque no Sul sudeste a tudo já tinham dizimado.
           Lembramo-nos também das imagens televisadas de mulheres ostentando seus cabedais, via casacos de peles, deste ou daquele animal; peças inteiras ou detalhes: marca da morte absolutamente desnecessária. Salvo: fazer necessário à importância.   Os filmes – e quantos – das caçadas.   
            
         UMA REVOLUÇÃO, um entendimento (a renúncia da importância)
                      Todas as ações mencionadas, assim de raspão, causam hoje asco, pavor a qualquer criança, e a nós mesmos – adultos. Com a consciência de que a mulher não ficou mais feia, sem seus casacos de pele, seus pingentes de dente de elefante; ou os pingentes formados por um molhinho de penas da crista do mutum, uma ave caçada para render no máximo três pingentes.
             Estamos todos conscientes de que a vida animal, da cobra à baleia será preservada, cuidada. Nossas meninas ostentarão suas próprias formosuras, (e o fazem); nossos meninos mostrarão suas coragens e inteligências desprovidos dos rifles e dos parabeluns, (e o  estão).
              O “Pé de Cedro”, aquele da cantiga está proibida a derrubada, e não tem igreja sem altares, nem saunas sem odores.
                A isto se chama entendimento, - revolução!. A revolução é a renúncia da importância. A mulher rica do mundo abriu mão da importância daquela beleza. O magnata do mundo renunciou a importância do portar rifles diante do elefante, em solos doídos da África - e assim por diante.
(UM PARÊNTESE).
1685 – Os acontecimentos de Palmares, as primeiras manifestações do negro do Haiti, fizeram o Cristianismo “acudir” ao império Francês parindo o CÓDIGO NEGRO. (Para nunca mais acabar. Misturando-o com a Revolução Francesa, por mais de 50 anos, até 30-4-1833, quando revogado.
Portanto, a Revolução Francesa é mais diabo do que santo).
24-9-1699, quatro anos de confirmada a morte de Zumbi dos Palmares, e continuando as fugas de negros; e reações fragmentadas levaram o Cristianismo a oferecer a alma do projeto: CAPITÃO DO MATO.  
            (Para nunca mais acabar, e não acabou).
6-3-1741 – A figura do CAPITÃO DO MATO, “foi tão útil” que o Império Português lhe dá regimento, ou seja - o incorpora no Corpo Militar Imperial. E ele está   aí incorporado na Doutrina Militar Brasileira. As “providências” policiais militares de hoje, nos locais de sub-habitações em nada diferem das ações dos capitães do mato.
  UM TERÇO DA PESSOA DO MUNDO: AGUARDA UMA REVOLUÇÃO,(entendimento)
           Quem, dentre nós, pode se dizer satisfeito com a situação em que ficou o negro brasileiro, no dia seguinte à libertação? – existe, sim!
          Mas existem também os que caçam, aprisionam, comerciam animais silvestres de toda espécie. Existe sim! Eles estão dentre os que vivem na mais absoluta miséria – quer material, que do conhecimento.
           Nós, as pessoas da minha geração, com certeza, lamentavelmente, não teremos tempo de acertar nossos desacertos – vamos deixar o Brasil pior  que encontramos.
           Com a experiência, com o conhecimento, com a dor da vítima, alimento a convicção de que o entendimento que orientou, que norteia a pessoa mundo afora para as ações ecológicas abrangerá o negro – de nada vai adiantar se não forem botadas as  pessoas (todas) no meio da Roda. E que o negro do Mundo é a parte boa dentre as pessoas.    Um exemplo:


         Mais da metade da população negra que vive hoje, nos grandes centos urbanos, agora, (neste instante), para beber precisa furtar água. Sim, furtar água. E suporta -  a dor e a tolerância do passado, e ainda cantamos, em cada
Roda de Capoeira, felizes da vida, por ter, (vida, mesmo sem água).

       “Água de beber: Êhêê! - água de beber, camará”. 
            - Ah! Sim, dirão - mas de outras etnias também, não é só o negro.
            - E nós diremos: - Maior a desgraça. A desgraça não escolhe raça.
            Não pode ser consolo para ninguém.
Assim, nossa postagem de hoje é terrível. Terrível, porque apenas aumentamos sua dor, ou a divulgamos mais um pouco. Tão cruel, como o sumiço da mídia brasileira, dos feitos notáveis das irmãs Venus e Serena Willians no tênis, da ausência na TV brasileira de novelas e seriados sobre a vida dos negros Machado de Assis, Jose Bonifacio, Pele, Zumbi dos Palmares, Lima Barreto, Cruz e Sousa e tantos outros negros esquecidos, em detrimento das novelas e filmes açucarados e brancos. É absurdo e desproposita, repito novamente, uma TV dita evangélica passar Todos odeiam o Cris. Odeiam porque ele é negro, numa época e situações politicamente incorretas. Apenas fomentam a separação e a discórdia.