Negros na
Ciência e na Tecnologia
Data:
26/06/2016
Ciência Negra para a descolonização do saber
“Negro é arte, é cultura
Negra é fé… Axé!
Negro tem talento
Tem bravura”
Negra é fé… Axé!
Negro tem talento
Tem bravura”
texto de Carlos Machado, Ilustração de Márcio Mariano no O Menelick
O refrão contagiante da
música Batuque, A Força de Uma Raça, samba-enredo da Escola de
Samba Leandro de Itaquera no carnaval paulistano de 1992, sempre vinha em minha
mente quando eu pensava sobre a influência negra na sociedade brasileira, e
esta composição me fazia pensar: nós, negros e negras, influenciamos o Brasil
apenas na música e no esporte? Qual é o papel da ciência dentro de uma cultura?
A importância de refletir sobre
as perguntas acima é que sem saber das respostas que elas suscitam, podemos
compreender muito pouco do mundo em que vivemos. A quase totalidade dos nossos
pensamentos, de nossas convicções e também dos nossos valores, se inscreve nas
grandes visões do mundo já elaboradas e estruturadas ao longo da história pelos
pensadores europeus e descendentes. É indispensável compreendê-las para
aprender sua lógica, alcance e implicações para o nosso modo de refletir a
realidade.
Os homens brancos europeus
ocidentais oriundos de um continente de pequena extensão conseguiram dominar boa
parte do mundo, a partir do século 15, escravizando, pilhando, dividindo e
ocupando, não sem resistência, territórios e criando uma geografia planetária
onde se colocam no centro e no topo. Esta ideia é retificada nos mapas que
usamos para aprender e ensinar geografia mundial. Não é por acaso que associar
brancos à gente bem sucedida é tido como algo natural. Porém no geral
desconhecemos a origem deste processo.
No auge do período chamado
racismo científico, entre o século 18 e início do século 20 (vale lembrar,
porém, que ainda hoje há cientistas que acreditam em raças e que hierarquizam a
humanidade neste quesito, como o psicólogo britânico Richard Lynn que criou o
mapa mundi da inteligência humana, situando a África no pior patamar)
intelectuais brancos ocidentais famosos quiseram provar que os africanos
estavam num estágio muito abaixo das outras “raças” defendendo que esses homens
e mulheres eram animais próximos aos macacos, ignorantes, selvagens, bárbaros,
feiticeiros charlatões e que a escravidão e a colonização era a forma de
libertá-los da escuridão, como dizia o famoso padre Antônio Vieira no século
17.
A palavra negro foi inventada
pelos portugueses assim como branco, amarelo e índio por povos europeus e assim
criou-se uma hierarquia racial onde o homem branco estava no topo, o amarelo em
segundo lugar, o índio em terceiro e o negro no último patamar de humanidade dentro
desta visão política que tantos danos fez à humanidade.
É importante dizer que esta
classificação nem sempre existiu. Os europeus já se classificaram como azuis e
vermelhos referindo-se a uma hierarquia social entre os nobres – que se
beneficiavam dos privilégios do sistema e não tomavam sol por viverem
encastelados e aparentarem suas veias azuis na face como fator de diferenciação
– e os plebeus, que mesmo com os raios solares de menor intensidade da Europa,
tinham a pele mais pigmentada.
Na organização das nações o
continente africano está em último lugar em muitos índices econômicos e sociais
e isto também é um fator para que muitos descendentes de africanos não se
identifiquem com esta região do planeta e prefiram valorizar o “mundo
desenvolvido” do norte.
No concerto das “raças” (aqui uso
o termo raça, por este conceito ainda permear o imaginário coletivo, mas a
genética moderna comprova que somos 99,9% semelhantes e os 0,1% do nosso
patrimônio genético é destinado para os traços fenotípicos externos, como cor
da pele, cabelo, nariz e cor dos olhos) o homem branco criou todo um imaginário
que o privilegiava: beleza, inteligência, limpeza, pacificação, liderança,
organização, civilização e nomearam o outro: o negro e o índio especialmente
como feio, burro, ignorante, preguiçoso, criminoso, sujo, desorganizado e
incivilizado, naturalizando assim o lugar dessas populações que foram
escravizadas pelos brancos em nosso país.
A ciência é representada pelos
brancos e amarelos, sendo este segundo grupo automaticamente associado à
inteligência em nosso imaginário.
E os negros não são inteligentes?
A escravização promovida pelos brancos cristãos foi fundamental neste processo
de não acreditarmos no nosso potencial negro humano de produzir o novo. Mas
mesmo diante da hegemonia branca, a nossa gente não deixou de inventar e
inovar. A questão é que esta genialidade foi omitida e consequentemente não
divulgada como deveria ser em uma sociedade que diz não ver a cor da pessoa e
sim o mérito.
Vejamos o samba Ao Povo
em Forma de Arte, composto por Nei Lopes e Wilson Moreira e interpretado
por Martinho da Vila para a escola de samba Quilombo, em 1978:
“Em toda a cultura nacional
Na arte e até mesmo na ciência
O modo africano de viver
Exerceu grande influência”
Na arte e até mesmo na ciência
O modo africano de viver
Exerceu grande influência”
Em minha pesquisa Ciência,
Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente (2014), Nei Lopes é o
primeiro pesquisador negro a publicar conteúdos sobre cientistas e inventores
negros no Brasil, através do livro Enciclopédia Brasileira da Diáspora
Africana (2004). Na sua canção ele diz maravilhado “até mesmo na
ciência” como algo espantoso dos feitos dos ancestrais africanos. Mas esta
surpresa vem de onde? De um sistema educacional eurocêntrico (da educação
infantil até à universidade) que não valoriza a capacidade cognitiva da
criança, jovem e adulto negro e torce pelo seu fracasso escolar. No imaginário
coletivo a imagem de gente bem sucedida na ciência está reservada ao amarelo
(japonês, coreano e chinês) e em segundo lugar para o branco, não tendo espaço
para o negro. Esta visão está ancorada na visão dos racistas científicos
europeus famosos desde o século 18, como Carl Linnaeus, Voltaire, Hegel,
Schopenhauer, Auguste Comte, David Hume, Charles Darwin entre outros. O
filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804), por exemplo, presença obrigatória
nos currículos dos cursos de filosofia e livros no Brasil e no mundo a fora, na
sua obra Observações Sobre o Sentimento do Belo e do Sublime, de
1764, diz que:
“Os negros da África não possuem,
por natureza, nenhum sentimento que se eleve acima do ridículo. O senhor Hume
desafia qualquer um a citar um único exemplo em que um Negro tenha mostrado
talentos, e afirma: dentre os milhões de pretos que foram deportados de seus
países, não obstante muitos deles terem sido postos em liberdade, não se
encontrou um único sequer que apresentasse algo grandioso na arte ou na
ciência, ou em qualquer outra aptidão; já entre os brancos, constantemente
arrojam-se aqueles que, saídos da plebe mais baixa, adquirem no mundo certo
prestígio, por força de dons excelentes”.
Como contraponto a esta visão
kantiana, que reflete o pensamento do seu tempo, temos o relato do filósofo
iluminista francês Conde Constantine de Volney (1757-1820), que no livro The
Ruins or, Meditation on the Revolutions of Empires: And The Law of Nature (As
Ruínas ou, Meditação sobre as Revoluções dos Impérios: E a Lei da
Natureza – sem edição em português), após uma visita ao Egito, em
1787, escreveu:
“Basta pensar que essa raça de
homens negros, hoje nossos escravos e objeto de nosso desprezo, é a mesma raça
à qual devemos nossas artes, ciências e até mesmo o uso do discurso! Imaginem
que estamos no meio de pessoas que se dizem os maiores amigos da liberdade e da
humanidade e que aprovaram a escravidão mais bárbara e questionando se os
homens negros têm o mesmo tipo de inteligência que os brancos”.
Como uma das respostas à Kant,
Hegel, Victor Hugo e a todos os intelectuais e políticos como Nicolas Sarkozy,
ex-presidente francês (de 2007 a 2012), que desprezaram e desqualificam nossa
gente de origem africana, somei a quantidade de reinos, impérios e
cidades-estados do continente africano. Conhecimento ocultado por gerações,
meus estudos totalizaram 121 organizações político-administrativas. Cito aqui
uma amostra:
África setentrional
* Império Egípcio (3100 a.C. – 371 d.C.)
* Império Kushita (760 a.C. – 656 a.C.)
África
Oriental
* D’mt (980 a.C. – 400 a.C.)
* Império Axumita (50-937)
* Império Etíope (1137-1974)
* D’mt (980 a.C. – 400 a.C.)
* Império Axumita (50-937)
* Império Etíope (1137-1974)
Civilizações
da África Ocidental
* Cultura Nok (100 a.C.-500 d.C.)
* Djenné-Djenno (250 a.C.-900 d.C.)
* Ibo-Ukwu (séculos 9 e 10 d.C.)
* Cultura Nok (100 a.C.-500 d.C.)
* Djenné-Djenno (250 a.C.-900 d.C.)
* Ibo-Ukwu (séculos 9 e 10 d.C.)
Reinos
medievais na África Ocidental
* Reino de Gana (750-1078)
* Reino de Tekrur (c. 800 – c. 1285)
* Império Kaabu (1537-1867)
* Império Songhai (c. 1464 -1591)
* Império Mali (c. 1235 – c. 1600)
* Reino Mossi (século 11-1896)
* Estado de Kanem-Bornu (c. 600 – 1900)
* Cidades-estados Haussá (século 9 – 1808)
* Império Fulani (1490-1776)
* Império Wolof (1350-1889)
* Reino de Gana (750-1078)
* Reino de Tekrur (c. 800 – c. 1285)
* Império Kaabu (1537-1867)
* Império Songhai (c. 1464 -1591)
* Império Mali (c. 1235 – c. 1600)
* Reino Mossi (século 11-1896)
* Estado de Kanem-Bornu (c. 600 – 1900)
* Cidades-estados Haussá (século 9 – 1808)
* Império Fulani (1490-1776)
* Império Wolof (1350-1889)
Reinos e
impérios da África Ocidental
* Reino de Nri (1043-1911)
* Império de Oyó (1400-1896)
* Império do Benin (1440-1897)
* Reino de Daomé (1600-1900)
* Grandes Lagos, África Oriental
* Reino de Buganda (1300-presente)
* Reino de Burundi (1500-1966) atual República do Burundi
* Reino de Ruanda (1300-1959) atual República de Ruanda.
* Reino de Nri (1043-1911)
* Império de Oyó (1400-1896)
* Império do Benin (1440-1897)
* Reino de Daomé (1600-1900)
* Grandes Lagos, África Oriental
* Reino de Buganda (1300-presente)
* Reino de Burundi (1500-1966) atual República do Burundi
* Reino de Ruanda (1300-1959) atual República de Ruanda.
Bacia do
Rio Congo, África Central
* Reino do Congo (1400-1888)
* Império Luba (1585-1885)
* Império Lunda (1660-1887)
* União Kuba (c.1600-presente).
* Reino do Congo (1400-1888)
* Império Luba (1585-1885)
* Império Lunda (1660-1887)
* União Kuba (c.1600-presente).
África
Meridional
* Império Mutapa ou Império do Grande Zimbábue (1450-1629)
* União Zulu (1816-1897)
* Império Mutapa ou Império do Grande Zimbábue (1450-1629)
* União Zulu (1816-1897)
África
Oriental
* Reinos Suaílis ou Cidades-estados de Kilwa Kisiwani, Songo Mnara, Malindi, Gedi, Pate, Comores e Zanzibar, etc. (séculos 9 até 16).
* Reinos Suaílis ou Cidades-estados de Kilwa Kisiwani, Songo Mnara, Malindi, Gedi, Pate, Comores e Zanzibar, etc. (séculos 9 até 16).
Nossa formação (ou deformação?)
passa pela matriz grega e latina dos romanos e é a base de todo o conhecimento
ocidental. Como vimos acima é fundamental dizer que o Egito já era velho quando
surgiu a Grécia (cerca de 1.200 a.C. – cerca 800 d.C). A influência egípcia
africana é elemento fundante para a civilização europeia, o que às vezes é
negado e outras confirmado, mas o Egito é visto como uma continuidade das
civilizações do Crescente Fértil (Oriente Médio e norte da África), ou que o
Egito está numa região denominada “África branca” pelos geógrafos ocidentais. A
prova desta visão é que a mais famosa rainha egípcia Cleópatra Thea Filopator
(69 a.C. – 30 a.C.) ser retratada no cinema europeu e estadunidense como uma
mulher branca. O filme mais famoso e que está no imaginário coletivo sobre esta
rainha é sem duvida a produção de 1963 realizado por Joseph L. Mankiewicz,
chamado Cleópatra, que foi protagonizado pela atriz branca Elizabeth Taylor,
com Rex Harrison no papel de Júlio César e Richard Burton no de Marco Antônio.
No século 21, o Brasil não
atualizou os novos conhecimentos sobre o Antigo Egito e a TV Record insiste na
representação desta região com as produções José do Egito e Os
Dez Mandamentos escrita pela autora de telenovelas Vivian de Oliveira,
onde mostra um país africano povoado de mulheres e homens brancos. As novas
gerações estão sendo educadas nestes valores eurocêntricos sem um contraponto.
Nos EUA não é diferente, o famoso diretor inglês Ridley Scott produziu em 2014
o filme Exodus: Deuses e Heróis contando a história de Moisés
e dos faraós africanos. Todos os personagens centrais do filme são
interpretados por atores brancos – incluindo Moisés (Christian Bale), Ramsés
(Joel Edgerton) e a rainha africana Tuya (Sigourney Weaver). Ao mesmo tempo,
atores negros fazem papéis de escravizados, servos, ladrões e vilões, o mundo
dos negócios falou mais alto novamente.
Com certeza estes produtores
brancos desconsideram o trabalho do cientista senegalês Cheick Anta Diop
(1923-1986). Em 1951 a Universidade de Paris recusou a sua tese de doutoramento
sobre a ideia de que o antigo Egito tinha sido uma cultura negra. Ele comprovou
a negritude dos monarcas egípcios em seu livro Nações Negras e Cultura (1954),
que até hoje não foi traduzido para o português. Ele propôs que a civilização africana
deve ser reconstruída com base no antigo Egito, da mesma forma que a cultura
europeia foi construída sobre os legados da Grécia e Roma antiga. Sua teoria
defendeu que o Egito era parte do ambiente africano em oposição a incorporá-lo
em locais do Mediterrâneo ou do Oriente Médio como os pesquisadores europeus e
norte-americanos queriam defender. Diop, na Universidade de Dakar, no Senegal,
criou um laboratório de radiocarbono para ajudar na sua investigação e lá criou
uma técnica e metodologia para um teste de dosagem de melanina. Ele usou esta
técnica para determinar o teor de melanina das múmias egípcias. Investigadores
forenses mais tarde adotaram esta técnica para determinar a “identidade étnica”
de vítimas gravemente queimadas. Diop comprovou com seu trabalho científico o
viés cultural político-ideológico na pesquisa científica.
É importante afirmar como
resposta aos racistas que a nossa espécie o Homo sapiens evoluiu há 200 mil
anos no continente africano. É deste continente a origem da maioria da população
brasileira. Foi lá que os nossos ancestrais ficaram de pé, criaram instrumentos
de pedra para se tornarem independentes na caça e inventaram o fogo. Os restos
mortais mais antigos da nossa espécie foram localizados na Etiópia, na África
Oriental. E foi no continente africano que as revoluções tecnológicas e
científicas tiveram origem, base para o desenvolvimento da humanidade. E com a
escravidão branca cristã milhões de mulheres e homens vieram para a América e
não deixaram de produzir ciência e tecnologia. Abaixo apresento-lhes uma
pequena relação das milhares de invenções negras.
CIENCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÕES AFRICANAS COLETIVAS
* Pigmentos e equipamentos para moer tinta que se acredita ter entre 350 mil e 400 mil anos de idade numa caverna perto de Lusaka, Zâmbia;
* Cama datada de 77 mil a.C. foi descoberta na caverna Sibudu na África do Sul;
* O artefato matemático mais antigo do mundo foi encontrado na caverna de Blombos, África do Sul, e tem aproximadamente 75 mil anos;
* Algodão cultivado no Sudão há 5 mil anos a.C;
* A filosofia (rekhet) no Egito há 2650 a.C;
* Encosto de cabeça de 2 mil a.C. inventado no antigo Egito;
* Pilão descrito no papiro de Ebers de 1550 a.C. (o mais antigo documento de medicina) no Egito;
* Cidade de Louango capital do Reino de Loango (1400-1885) na África Central;
* Inhame cultivado há 8 mil anos a.C. na África Ocidental;
* Melancia domesticada entre 7 e 5 mil anos a.C. na África Ocidental.
* Café foi cultivado no século 9 d.C. na Etiópia;
* Egito: linguagem, escrita, pecuária criação de burro e cavalo, bois e vacas, em agricultura o hábito de fazer pão usando fermento, bebidas fermentadas, plantação de uva, fabricação de vinho, queijo, cerveja e churrasco; na astronomia o calendário utilizado até os dias atuais, matemática de base 10; geometria, na engenharia a rampa, origem da química derivada da palavra kemet; medicina mumificação e origem da moderna neurociência e empirismo.
NOTÁVEIS CIENTISTAS AFRICANOS E AFRODESCENDENTES
* Hesy Re (~ 3000 a.C.) egípcio, o primeiro dentista da história e o primeiro a estudar a diabetes;
* Merit Ptah (2700 a.C.) cientista egípcia, considerada a primeira médica registrada do mundo;
* Imhotep (2650-2600 a.C.) polímata egípcio, especialista em diversas áreas, construtor da primeira pirâmide, engenheiro, primeiro filósofo da história, médico, estadista sacerdote, foi elevado a deus da inteligência, o primeiro humano no panteão dos deuses egípcios e foi adorado por milênios;
* André Rebouças (1838-1898) engenheiro brasileiro, professor da área e responsável pela construção de estradas de ferro, portos, docas, obras de saneamento. Como engenheiro militar inventou o torpedo, foi abolicionista e é considerado o pai da engenharia brasileira;
* Granville Tailer Woods (1856-1910) engenheiro elétrico e mecânico autodidata afroamericano com mais de 50 patentes. É responsável pela invenção do transmissor de telefone, sistema ferroviários, sistema de metrô, montanha-russa dentre outras invenções. Em sua época era chamado de “O Thomas Edison negro”.
* George Washington Carver (1865-1943) botânico estadunidense desenvolveu centenas de produtos baseado na noz pecã, batata doce, soja e amendoim;
* Dra. Jane Cooke Wright (1919-2013) foi uma oncologista estadunidense pioneira que ajudou a elevar a quimioterapia como opção de tratamento para pacientes com câncer;
* Bertin Nahoun (1969-) engenheiro beninense e empresário da Medtech especialista em robótica cirúrgica criou o robô Rosa especializado em cirurgias cerebrais;
* Sonia Guimarães é a primeira mulher negra PhD em física do Brasil e é especialista em mísseis no ITA em São José dos Campos;
* Joana D´Arc Félix de Souza pós-doutora em química orgânica de Harvard, trabalha na ETEC de Franca e desenvolveu pele humana artificial a partir da pele de porco a preço acessível e é especialista em resíduos sólidos.
É fundamental dizer que antes da
evolução dos amarelos e brancos os negros já existiam há pelo menos 190 mil
anos e esta população não ficou esperando os europeus para criarem a ciência e
o método científico. Desde muito tempo mulheres e homens foram obrigados a
inventar, desenvolvendo deste modo a inteligência. Tudo isto nos parece
evidente e a listagem de invenções atribuídas a negros seria supérflua se,
ainda hoje, as suas capacidades intelectuais não continuassem a ser postas em
dúvida. Precisamos superar a narrativa europeia da ciência, história e razão
como uma visão universal e sim situá-la como mais uma das diversas influências
que produziu a ciência mundial. Esta ordem mundial centrada no branco desclassifica
a produção intelectual africana e os povos negros devem levar em consideração
sua história, cultura e ancestralidade em suas formulações intelectuais. A
escravidão e o racismo impediram nosso desenvolvimento, mas não o cessou
completamente. Precisamos descolonizar as mentes negras e assim retirar a
África e a diáspora da periferia mundial que o ocidente a colocou.
Finalizo com a frase do príncipe
Lukanga, descendente dos reis de Buganda, do reino da atual Uganda: “a cultura
é o pai da história, o médico tradicional é o pai da ciência e ciência é o pai
da tecnologia. Sem ciência, nenhuma tecnologia. Sem história, nenhuma ciência,
sem cultura, sem história” e ignorar que a população negra não tivesse estes
atributos é um crime contra a humanidade, e enquanto não chega este
reconhecimento, vamos reconstruir nosso orgulho de ser o que somos.
PARA LER
Tecnologia africana na formação brasileira
Henrique Cunha Jr.
CEAP
Rio de Janeiro, 2010
Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente
Carlos Machado
Florianópolis, 2014.
Disponível em: bookess.com
Tecnologia africana na formação brasileira
Henrique Cunha Jr.
CEAP
Rio de Janeiro, 2010
Ciência, Tecnologia e Inovação Africana e Afrodescendente
Carlos Machado
Florianópolis, 2014.
Disponível em: bookess.com
PARA ASSISTIR
Cientistas e Inventores Negros
Disponível em: youtube.com
Cientistas e Inventores Negros
Disponível em: youtube.com
CARLOS
MACHADO é
mestre em Historia Social pelo departamento de Historia/USP, bacharel e
licenciado pela mesma instituição. Atua como pesquisador, articulista,
palestrante e educador.
Leia a matéria completa em: Negros na Ciência e na Tecnologia - Geledés http://www.geledes.org.br/negros-na-ciencia-e-na-tecnologia/#ixzz4CslVqDec
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