Alguém que estiver lendo esta matéria, retirada da Revista RAÇA, conheceria este grupo de negros ricos e bem sucedidos, fora do circo do pagode e do futebol. É preciso e necessário a educação. A chance da educação transforma um país e a perspectiva de toda uma sociedade, independente da raça.

Ontem um amigo querido me espantou e me deixou tremendamente frustrado com sua afirmativa que os negros e mestiços não tem ambição e porisso não vencem na vida. Para este grupo, tudo bem, basta o dia a dia e não o futuro. Deu como exemplo o fato de não encontrar negros ou mestiços em lojas como vendedores de ponta, gerentes,  ou nas escolas, hospitais e etc. não  se encontram nestas posições, porque não querem, são acomodados. Este meu querido amigo, esquecia que as oportunidades não são iguais e os proprietários das lojas e hospitais são todos brancos, oriundos das classes dominantes, que escravizaram negros e mestiços por cerca de 300 anos.

Mas como explicar os negros e mestiços que vencem?  É o  retorno da discriminação selvagem e excludente a que os negros e mestiços brasileiros estão submetidos. Mas é o grupo, retratado nesta matéria é o exemplo a ser seguidos por todos.

PRÊMIO BENEDICTO GALVÃO
  Negros em movimento 
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OAB promoveu uma cerimônia de muitas homenagens na Câmara Municipal de São Paulo

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Frei David Ramos, da Educafro

A entrega do primeiro Prêmio Benedicto Galvão, ortografo pela Ordem dos Advogados do Brasil - Secção São Paulo (OAB-SP), por intermédio da Comissão do Negro e dos assuntos antidiscriminatórios, foi, em resumo, um evento para celebrar o direito e a cidadania. Nomes dos mais atuantes na luta contra o racismo e pela igualdade plena foram premiados numa noite de reconhecimento e, principalmente, de reflexão, sobretudo pelos avanços obtidos nas últimas décadas por aquela geração presente no Salão Nobre da Câmara dos Vereadores de São Paulo, como lembrou Hédio Silva Junior, ex-secretário de Justiça do Estado de São Paulo, um dos agraciados no evento.
Outro premiado da noite, Nadir de Campos Junior - primeiro desembargador negro do estado de São Paulo - dedicou o prêmio ao seu pai, Nadir de Campos, de 80 anos e ainda na ativa como advogado. O deputado estadual José Candido, que morreu no início do ano, também foi lembrado e coube a seu filho e prefeito de Suzano, Marcelo Candido, receber esta justa homenagem.

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Eduardo Pereira da Silva, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, Mauricio Pestana, diretor-executivo da RAÇA BRASIL e Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente de AOB/SP 
Marcelo Candido recebeu o prêmio em homenagem ao pai, José Candido
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José Vicente, presidente da Afrobrás e Kabenguele Munanga, professor da USP 
Margareth Barreto, delegada titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decrad)


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Nadir de Campos Junior ao lado do pai, o advogado Nadir de Campos e Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB-SP
SOBRE BENEDICTO GALVÃO
O advogado Benedicto Galvão nasceu em uma família humilde no interior de São Paulo. Na capital paulista, formou-se na escola complementar, anexa à Escola Normal da Praça da República, e trabalhou como auxiliar de escritório e professor. Formou-se em Direito em 1907 pela Faculdade de Direito de São Paulo e presidiu a OAB entre 1940 e 1941.

"Se hoje é difícil para um negro se formar em direito na USP, imagine o que o doutor Galvão sofreu para fazer isso na década de 30 e chegar à presidência da OAB, em 1940?", questionou o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso. Benedicto Galvão, que também trabalhou no prestigiado escritório de Alfredo e Ernesto Pujol, morreu em 1943.
"É um reconhecimento da instituição ao trabalho prestado pelo presidente Benedicto Galvão, afro-brasileiro que fez história na sua gestão, e aos homenageados que, em 2011, reconhecidamente, combateram o racismo e desenvolveram políticas de inclusão social", disse Eduardo Pereira da Silva, presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP.
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O radialista Moisés da Rocha
 A juíza Mylene Pereira Ramos
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Maria Aparecida de Laia, da Coordenadoria do Negro da Secretaria de Participação e Parceria
Theodosina Rosário Ribeiro
 Matilde Ribeiro

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NOVA DIRETORIA
O Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Rio Grande do Sul (CODENE/RS) já conta com uma nova diretoria executiva. A chapa 1 foi a vencedora da eleição. O pelotense Sérgio Augusto Dorneles, do Grupo de Apoio ao Esporte e à Cultura (GAEC) foi eleito presidente; Jeanice Dias Ramos, do Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiro, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, é a nova vice-presidente, além de Tatiana Telles Gomes, da Secretaria de Justiça e dos Direitos Humanos (Secretária) e Luiz Felipe Teixeira, da Secretaria de Segurança Pública (Tesoureiro). O Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra foi criado em maio de 1988. É um órgão público normativo e fiscalizador que desenvolve estudos, propõe medidas e políticas voltadas para a comunidade afrodescendente, visando à eliminação das discriminações que atingem a sua integração plena na vida social, econômica, política e cultural.

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BOLSAS NO EXTERIOR
Representantes da Ong Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) foram até o Senado Federal defender a adoção de cotas em favor de afrodescendentes e de populações carentes no programa Ciência sem Fronteiras, que concede bolsas de estudo de mestrado, doutorado e pós-doutorado em universidades no exterior. O assunto foi tema de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado. Desde janeiro deste ano, 1,5 mil estudantes foram contemplados com bolsas de estudo em universidades dos Estados Unidos e do Canadá pelo programa e, até o final do ano, a expectativa é que esse número chegue a 20 mil. O objetivo do programa é conceder 100 mil bolsas até 2015.

A Educafro considera que a maior parte da população brasileira (os afrodescendentes) fica em situação de desigualdade em iniciativas como essas no Brasil. O programa é desenvolvido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com a participação do Ministério da Educação. "O governo e o Congresso estão desenhando um Brasil novo para reduzir as disparidades sociais, mas existe ainda uma reação dura de parte dos membros do Executivo que dificulta a ascensão dos negros, contra a própria prioridade que a presidenta da República já declarou para o programa", disse o diretor da Educafro, frei David Santos.
ÔNUS E BÔNUS
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Jaime Sodré é historiador, escritor, religioso do Candomblé, PhD em História da Cultura Negra, doutorando em História Social e professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (CEFET/BA)
Evidente que as alianças serão sempre bem-vindas, pois é sabido que a solidariedade seria um fator característico dwa condição humana. É comovente observar gestos generosos daqueles que erguem o seu braço amigo e a sua voz, incorporando nas suas preocupações o problema do outro. A situação de desigualdade experimentada pela população brasileira, em especial a afrodescendente, fruto de fatores históricos de uma evidência inquestionável, experimentará recuo, pelos esforços deste segmento, aliado, na superação do quadro deficitário de oportunidades e políticas públicas se apoiados por amigos sinceros.
Um bom observador presencia manifestações no espaço cultural, em especial no campo da música baiana, de pessoas não necessariamente negras, desfrutando do capital simbólico negro, identificando-se com o mesmo, aproximando-se de forma concreta e utilizando o potencial afro em suas ações artísticas. Este desfrute, esta proximidade geram significativo capital financeiro e prestígio, este último dividido com a comunidade inspiradora. Assim é que, nesta bem-vinda aliança, cabem retornos mais concretos para a comunidade inspiradora, o segmento afrodescendente, em desvantagem socioeconômica evidente. Não se trata de pedágio, é claro, mas de contrapartida real e experimentável, cujo usofruto anseiam os afrosdescendentes.Artistas talentosos e solidários, nossos aliados, devem como sugestão, utilizar o seu prestígio para postar-se na linha de frente da nossa pauta de luta, para a superação de nossas demandas.
Logo, apresentamos aqui, de forma seletiva, uma listagem das nossas aspirações, que julgamos ser do conhecimento, mas aqui cabe como oportuna lembrança. Além do natural posicionamento rígido contra o racismo, devem pronunciar-se claramente contra a intolerância religiosa que atinge o candomblé, este fruto de inspiração, gerador de direitos autorais aos compositores que buscam nesta referência cultural a sua inspiração, alicerce do seu sucesso. Exercer o seu prestígio e possibilidades junto aos órgãos de saúde para a concretude ou ampliação de programas para o tratamento das manifestações da anemia falciforme. Posicionar-se claramente e sem subterfúgios, favoráveis à adoção de cotas para negros nas universidades, estimular os nossos jovens a frequentar a escola, realizar campanhas que resultem na inibição do uso de drogas, estímulos e posicionamentos para oportunidades de empregos para os jovens negros.

Uma solicitação especial me ocorre. Seria uma intensa campanha para arrecadação de fundos ou efetivar doações, objetivando a instalação da sede da Steve Biko - entidade que realiza cursos para a inclusão de negros na universidade -, cujo imóvel, cedido pelo governo do estado, localizado em um trecho onde as atrações carnavalescas passam bem a sua porta, hoje com um painel grafitado no seu muro, que pela beleza desta arte não acreditamos que os nossos astros não tenham visto. Quem sabe um grande show, em que a arrecadação seja destinada às obras naquele prédio. Para aqueles sensíveis astros afrodescendentes ou não, seria oportuna uma campanha para a conclusão das obras que se arrastam na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, localizada no Pelourinho.
"MUITOS ESPECIALISTAS TÊM UMA VISÃO PURISTA DO ESTADO E DA ELITE POLÍTICA IMPERIAIS. DIZEM QUE ELES ERAMS E FICARAM À ESPREITA, DE TOCAIA"
Na verdade não cabe aqui uma listagem extensa, pois acreditamos que os atores artísticos e sociais, se apurada a observação, poderão se incorporar às inúmeras iniciativas de ações que resultem em efetivo apoio. Na condição de outra e importante sugestão, esta inquestionável, seria a observação das necessidades das nossas crianças, escolas, creches e adoções, que devem ser prioridades neste gesto solidário de bem fazer. Apoio às ações sociais empreendidas pelas unidades populares de matriz africana que se preocupam na formação das crianças, através de doações de livros, equipamentos e alimentação. Volto à TV, vejo uma atriz branca, rainha da bateria de uma escola de samba, agradecendo aos instrumentistas negros, que repercutem os tambores para o seu sucesso midiático. Que haja uma reciprocidade verdadeira.
FOTO DIVULGAÇÃO
Dona Eunice, 80 ANOS!
Ela desce a serra a 80 quilômetros por hora para ir a uma festa, curte com os amigos e, em seguida, volta para São Paulo já pensando em outro evento, festa ou encontro no próximo final de semana. Tal rotina parece ser de gente jovem, promoter ou coisa parecida, mas estamos falando de Dona Eunice da Aparecida Hilário Mendes da Conceição, que completou 80 anos de vida com uma vitalidade de fazer inveja! Para homenageá-la, amigos de ontem e de hoje do Aristocrata Club, da Irmandade de São Benedito, do Rosário dos Homens Pretos e até colegas do Rio de Janeiro (outro "point" frequentado por ela), compareceram ao Buffet Manaus, em São Paulo, para uma grande confraternização.



FOTO GABRIELLA CALASSARA/DIVULGAÇÃO - MODELO ARETH
Desfile AFRO
O projeto Talentos Black Moda Afro - idealizado pela jovem produtora Emanuele Sanuto - visa dar visibilidade a artistas anônimos afrodescendentes. A proposta é descobrir novos talentos, oriundos de comunidades do Rio de Janeiro, para a produção de um desfile de moda com tendências brasileiras e angolanas. É uma grande oportunidade para trançadeiras, estilistas, costureiras, cabeleireiras e artesãs. A primeira edição do Talentos Black Moda Afro será no dia 28 de junho, no Parque das Ruínas, no charmoso bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. "Será uma grande homenagem à cultura negra, trazendo tendências brasileiras e angolanas a partir do olhar de cada artista anônimo. Apesar da distância, os dois países estarão unidos pela mesma emoção, já que contará com a participação de empresários e artistas angolanos", diz a produtora. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail alentosblack2012@gmail.com ou encontrada nas bases da Central Única das Favelas (CUFA). Como pré-requisitos é necessário ser moradora de uma comunidade do Rio de Janeiro (com comprovante de endereço) ter entre 18 e 29 anos, e apresentar cinco fotos de trabalhos da categoria escolhida. Os dez artistas selecionados terão a oportunidade de divulgar o seu trabalho, além de concorrer a uma premiação em dinheiro.


Mais informações:
(21) 7508-2038 / 8896-0962 e (21) 8207-1413 (assessoria)