Branco,
não queira sofrer com o racismo
Publicado
há 1 dia - em 25 de fevereiro de 2016 » Atualizado às 9:39
Categoria » Casos de Racismo
Categoria » Casos de Racismo
De tão
debatido, atualmente, alguns pontos das lutas contra as opressões têm sido
deturpadas. Na questão racial, um dos assuntos que continua predominando, como
forma de autodefesa da população branca, que se nega a falar seriamente sobre
racismo, é o tal do “racismo reverso”.
POR
FELIPE CARDOSO, enviado para o Portal Geledés
Já falei aqui a minha opinião sobre
o tema, mas parece que quanto mais se debate, menos nos fazemos entender. Por
ser analisado superficialmente por algumas pessoas, o racismo até parece soar
como algo positivo, simples e normal. E não é.
O racismo tortura, encarcera e
mata física e psicologicamente. A invisibilidade, o escárnio, a omissão e o
esquecimento criam sentimentos horríveis que podem levar uma vida inteira para
ser tratado e curado. Sentimentos como a incapacidade e inferioridade geram
traumas, depressão, falta de perspectiva e mais um monte de malefícios que já
foram estudados e divulgados.
O Brasil, sendo a última nação da
América a abolir oficialmente a escravidão, demonstra um cenário onde a população
negra, mesmo representando a maioria da população, vive situações históricas de
miséria e violência. Deixando evidente que as questões sociais estão
interligadas a questões raciais, em que a sua cor também acaba por definir a
sua classe.
O racismo institucional e
estrutural mostra toda a sua perversidade nos gráficos e nas pesquisas sobre a
população brasileira. Os negros e negras estão entre as maiores taxas de
desnutrição, analfabetismo, sistema prisional, internações psiquiátricas
manicomiais, unidades socioeducativas e nos homicídios. Ao mesmo tempo, negros e negras são
minorias nos grandes cargos de empresas, nas universidades, na política, nas
novelas, na publicidade.
Assunto debatido sempre aqui. Inclusive com dados e referências. Mas quem
se importa?
Quem se importa que a saúde da
população negra é negligenciada? Quem se importa com o fato de uma mulher negra
grávida ter que esperar mais tempo para ter o filho (em muitos casos sem
anestesia) do que uma mulher branca, por conta do estereótipo da força física
negra?
Quem se importa que negros e
negras recebam menores salários? Que a violência atinja, com maior intensidade
os jovens, as mulheres e LGBTs negros?
Quem gostaria de ter a sua voz
silenciada, ser sempre acusado de vitimista, preguiçoso, cotista? Quem gostaria de ter sua crença
demonizada? Quem gostaria de ter seus traços, corpo e cabelo ridicularizados?
Por que alguém em sã consciência
gostaria de passar por tudo isso? Você realmente acha que isso aqui relatado é
legal?
O Brasil não vai conseguir
resolver os seus problemas sem antes resolver os problemas raciais. Negar isso,
sendo de esquerda ou de direita, é apenas tentar esconder a sujeira debaixo do
tapete.
A questão aqui não é uma disputa
de quem sofre mais. A questão principal é acabar com o sofrimento.
A nossa luta não se enquadra
contra pessoas, mas sim contra uma ideologia. A nossa luta não é contra
brancos, a nossa luta é antirracista e anticolonialista, contra todo o processo
de dominação, abuso, silenciamento e violência.
Se você quer fazer algo de útil
para o mundo, contribua com a luta para acabar com o racismo e não tentando sofrer com algo tão
perverso e prejudicial.
Na moral, branco, não queira sofrer de racismo.
Isso não é nem um pouco legal.
Leia a matéria completa em: Branco, não queira sofrer com o racismo - Geledés http://www.geledes.org.br/branco-nao-queira-sofrer-com-o-racismo/#ixzz41Idck7V5
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